
Meu
filho de dois anos de idade estava conosco e eu achei que ele iria se divertir
demais com todo aquele espaço verde para correr, pular, etc. E, apesar de ter
todo aquele mundo para se divertir, ele só reclamava. Pedia-me para ir para a
piscina e, quando chegávamos lá, ele já queria voltar para quarto para ficar
com a mãe. Enquanto fazíamos o caminho de volta para o quarto, ele pedia para
brincar no parquinho e, uma vez lá, queria todos os brinquedos de uma só vez.
Não tivemos descanso, pois a brincadeira predileta dele era empurrar as
cadeiras da varanda do nosso quarto e pedir, pedir, pedir.
Amo o meu filho, mas aquilo me deixou esgotado
e eu pensava: como pode possuir tanto e não se divertir? Afinal, a última coisa
que ele fez foi brincar. E foi quando eu já estava no limite do cansaço, uma
voz interna me disse: você é igual a ele, tem em sua vida um monte de caminhos
e potencialidades, mas prefere ficar reclamando e querendo, querendo, querendo.
É justamente assim que a maioria
de nós vive: como crianças mimadas, reclamado de tudo e querendo de tudo. Não
tem problema algum falar que algo está ruim, mas nós reclamamos o tempo
inteiro
O vício
Sempre
que nós mantemos um padrão emocional por muito tempo, ele acaba sobrecarregando
o sistema. Todas as emoções são necessárias para o nosso desenvolvimento
pessoal, mesmo aquelas que não apreciamos. Mas, infelizmente, somos viciados
nas emoções de alta frequência. Queremos estar eufóricos o tempo inteiro, confundindo
isso com felicidade e, quando as coisas a nossa volta não estão proporcionando
esse estado excitante, nós reclamamos. Falamos mal uns dos outros, birramos com
o calor ou com o frio, com a roupa que o colega está usando, brigamos no trânsito
e no trabalho. Na verdade, a busca pela tal da “felicidade” nos deixa burros,
pois, quando não estamos nos sentido bem, acabamos rejeitando a realidade e não
aprendemos com o que está nos causando desconforto. Apenas queremos sair
daquele estado e, então, vamos beber e encher a cabeça de drogas. Homo sapiens? Acho que
erraram na nomenclatura. Não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o
caminho.
Aceitando a vida
Experimente
passar uma semana sem reclamar de nada. Claro que você pode comer algo e não
gostar, mas, procure não colocar energia emocional nisso. Pare de comer ou tempere
com uma pimentinha para ficar mais gostoso, mas não faça barraco e nem
barraquinha. Se alguém fizer uma barberagem no trânsito, não grite que nem
louco, pois, lembre-se de que, na cabeça do outro motorista, a culpa foi sua; se
vir alguém mal vestido na rua, não critique, pois não é da sua conta; se você
não pode mudar algo, então, relaxe. Lembre-se de que, toda vez que você “birra”,
um pouco da sua energia é queimada e nós consumimos muita energia com coisas
sem importância e que estão fora do nosso controle. Saímos e, quando voltamos,
não temos mais energia nem para dar um olhar carinhoso para as pessoas que amamos,
afinal, ela foi toda usada nas birras do dia-a-dia.
Mas vou virar um zumbi,
então?
Não,
na verdade deixará de ser um, pois essa sobrecarga emocional te deixa cheio de
si e de tudo e o seu céu sempre estará nublado, não deixando com que veja o que
está na sua frente. Estou propondo que você troque o turbilhão de emoções
caóticas por um estado mental sereno. E você só precisa se tornar adulto, aceitar
as regras e ser o único responsável por sua vida. Apenas teste e veja como é
viver com os olhos abertos. Faça-o por uma semana, da melhor forma que puder e,
lembre-se: não é deixar de sentir e, sim, deixar que tais emoções se vão. Enfim,
se não pode mudar algo, relaxe. O trânsito é uma dessas coisas que está fora do
seu controle, então, paciência.
O teste final
Depois
que você estiver se sentido um expert, você pode fazer o teste final: pegue o
telefone e ligue para o telemarketing da Net, Tim, OI, Claro, etc. Boa sorte!
Autor: Roger Ramos
Autor: Roger Ramos